Prezados colegas da Polícia Militar


Ao longo desses dias, tenho acompanhado toda a discussão sobre os dois assuntos empolgantes que envolveram o nome de nossa Corporação. Gostaria muito, como integrante do GBB e do Bandão de colaborar com essa discussão dando “minha” certeza sobre os fatos.

Sobre o desempenho do GATE

Por ser uma ocorrência altamente técnica, em que o primeiro fator decisivo para o desfecho do caso é o julgamento de emoções que envolvem as pessoas ligadas ao caso, é um divã de psicanalista, fica muito difícil e até impossível emitir, principalmente de longe, qualquer juízo de valor, a não ser os “achismos dos peritos em segurança”, portanto, a nós que tanto amamos e vivemos a Polícia Militar só nos resta, se convictos do acerto, fazermos sua defesa caso contrário nos calarmos em nome de um corporativismo que deve sempre existir, ou então, não poderemos nos tratar como irmãos.

Mas em qualquer das situações, convictos ou não, uma coisa para mim é clara, devemos sempre prestar nossa solidariedade aos envolvidos e, assim, pergunto:

QUEM DE NÓS, QUAL DAS NOSSAS INSTITUIÇÕES JÁ PRESTOU SOLIDARIEDADE AOS ENVOLVIDOS, ENVIANDO NO MÍNIMO UMA MENSAGEM FRATERNA?

Até onde sei, somente a APMDFESP foi até a sede do GATE levar um abraço amigo e colocar seu Corpo Jurídico à disposição, além de estampar em seu site uma matéria defendendo a ação e também sei de um e-mail produzido por um Policial Civil cujo teor foi amplamente divulgado em nosso meio. Espero que a maioria de nossas Associações tenha feito algo semelhante e que alguns “muitos” de nós também tenham feito algo semelhante.

Sobre a PM x PC

As relações das duas Polícias do Estado sempre foram amistosas e cordiais, pontualmente sempre aconteceram casos isolados de atritos, eu particularmente protagonizei dois. Mas sempre fomos irmãos, sempre fui bem tratado em Delegacias e sempre atendi e tratei bem os Policiais Civis.

Porém, no recente episódio erramos, não individualmente, mas no todo, na concepção do modo de agir. Erramos por excesso de zelo ao cumprimento do dever e para variar erramos politicamente.

Se os contrários fossem do Exército, para controlá-los deveria ser chamada a PE, se fosse a Aeronáutica chamar-se-ia a PA, e assim por diante, cada um que cuide dos seus, quem pariu Matheus que o embale.

No caso da PC, essa missão deveria ter sido unicamente da Polícia Civil, o Delegado Geral que se virasse com seus Delegados Auxiliares e fosse às ruas ao redor do Palácio e dominasse a situação.
Se não conseguisse, aí então pediria “pinico”, e arcasse com as consequências de sua incapacidade, mas a responsabilidade primeira seria dele e da Corporação que comanda.

Quem não tinha a certeza que iria dar no que deu?

Agora estou convicto que as relações se acirrarão por décadas, pois nenhum de nós vai nem deve, esquecer o tiro que nosso Coronel tomou, nem o tapa na cara que o Tenente tomou, nem mesmo os dois tiros dado em um nosso cavalo.
Como também eles, Policiais Civis, não se esqueceram dos ferimentos de bombas, das borrachadas e dos tapas tomados. E de nada vai nos adiantar dizermos que portávamos a bandeira da legalidade. Mais uma vez a Polícia Militar perderá, pois já fomos jogados aos lobos.

Por ocasião da “Revolução Redentora de 31 de março de 1964”, a Corporação que menos tinha e teve que a ver com a história eramos nós.
A Revolução foi feita pelo Exército, começou e Minas Gerais, os principais fatos motivadores aconteceram no Rio, o pessoal do DOI Codi era das Forças Armadas e da Polícia Civil, nós só apoiamos.

O Exército mandava e lá íamos nós dando borrachada e cargas de Cavalaria na estudantada, participei e não me arrependo. Porém as críticas todas sobraram, até hoje, só para nós da Força Pública, agora PM.

Atualmente, os especialistas (até o Hélio Bicudo desenterraram) propõe, em razão dos acontecimentos, a união das Polícias, e advinhem qual é a Polícia que querem acabar, aquela que, para eles, nunca deveria ter existido, a polícia da ditadura - lógico que com a nossa.

Mais uma vez somos os vilões, os truculentos, os repressores. Tenho dó dos nossos Policiais Militares, Praças e Oficiais em início de carreira, quanto eles irão sofrer.

Não preciso contar para ninguém que a Polícia Civil é a dona do inquérito, a que conduz as investigações, imaginem o que eles poderão e que certamente muitos farão com “nossas” ocorrências que precisarão ser “arredondadas”, quantas horas mais perderemos com um flagrante, etc, etc, etc.

Forte abraço.

Tércio Bispo Molica - Presidente do Conselho Deliberativo da APMDFESP

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